sábado, 11 de novembro de 2023

Demandismo e maior acesso ao Poder Judiciário explicam recorde de ações

Apresentada ao público nesta segunda-feira (28/8), a edição de 2023 do "Relatório Justiça em Números", do Conselho Nacional de Justiça, apontou um recorde no número de ações levadas ao Poder Judiciário brasileiro em um ano: 31,5 milhões de processos chegaram à Justiça em 2022, o que corresponde a um incremento de 10% em relação ao ano anterior — é o maior número desde a primeira edição do levantamento do CNJ, há 14 anos.

Para Vanessa Mateus, há a necessidade
de repensar o sistema de Justiça do país

Para entender melhor esse fenômeno, a revista eletrônica Consultor Jurídico pediu a opinião de alguns operadores do Direito. Entre as razões apontadas por eles para o recorde estão desde o aumento da credibilidade do Judiciário até o boom de divórcios provocado pela crise causada pela Covid-19 e o incremento da tecnologia nos tribunais.

Presidente da Associação Paulista de Magistrados (Apamagis), a juíza Vanessa Mateus acredita que o resultado da pesquisa demonstra a importância do Judiciário, mas também mostra que há problemas a serem resolvidos.

"Não há dúvidas de que, por um lado, os números revelam que o Poder Judiciário é a última instância de salvaguarda da população, lugar em que se busca a efetivação dos direitos. Por outro lado, esses números são o resultado de uma política de ampliação constante do acesso ao Poder Judiciário, mas sem a necessária preocupação com o acesso efetivo à Justiça", criticou a juíza, para quem o resultado do levantamento do CNJ escancara um demandismo exagerado no país e a necessidade de uma mudança de mentaldiade do Judiciário brasileiro.

"Os números indicam uma necessidade de se repensar o sistema de Justiça, para que seja efetivo e eficiente." 

O promotor de Justiça de Mato Grosso do Sul João Linhares, por sua vez, afirma que o fenômeno é complexo demais para ser explicado apenas com a retomada da demanda pré-Covid-19. Ele também vê no resultado do "Justiça em Números" um excesso de judicialização da vida brasileira. 

"Por um lado, nossa sociedade tem se polarizado em níveis alarmantes e o individualismo e o materialismo crescentes acabam afetando e reduzindo o diálogo e a tolerância, bem como a resolução consensual de conflitos", disse Linhares. "Sob outro enfoque, sobretudo durante a pandemia, a tecnologia foi implementada com mais robustez e celeridade no âmbito do sistema de Justiça, facilitando e agilizando o acesso ao Judiciário."

Segundo o promotor, a precariedade dos mecanismos de eficiência e de previsibilidade jurídica, aliada ao sucateamento de instituições e órgãos públicos, também resultou em questionamentos de direitos — e, consequentemente, em mais ações judiciais, sobretudo as de cunho previdenciário.

"Creio também que houve ligeiro aumento na credibilidade do Poder Judiciário, por conta do protagonismo na defesa da Constituição, do regime democrático e da cidadania engendrada pelo Supremo Tribunal Federal em quadra de nítida instabilidade governamental e de pouca temperança."

Justiça mais acessível 
O desembargador federal Paulo Fontes, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), por sua vez, defende a tese de que o acesso à Justiça está cada vez mais próximo da população de baixa renda.

"É claro que existe um número muito grande de ações em curso e de ajuizamentos anuais, mas é difícil identificar uma causa específica dessa litigiosidade. O brasileiro pobre ainda é muito lesado nos seus direitos e pode estar tendo um maior acesso à Justiça. Um dado importante é que o número de feitos julgados em 2022 superou em muito as ações ajuizadas no mesmo ano. Isso mostra claramente o esforço que juízes e tribunais vêm fazendo, sob a orientação e fiscalização do CNJ", destacou ele. 

Para o defensor público do Estado do Ceará, Bheron Rocha, o aumento pode estar ligado a fatores sociais e econômicos mais amplos, como o aumento da vulnerabilidade da população durante a pandemia e a intensificação dos índices de pobreza. “Nesse contexto, a busca por soluções judiciais pode ser vista como uma maneira de enfrentar desafios decorrentes da crise’’, explica. 

Rocha também sustenta que a ampliação do acesso à justiça por meio dos serviços da Defensoria Pública também desempenhou um papel crucial. “A realização de inúmeros concursos públicos mesmo no contexto pandêmico com a consequente nomeação de cerca de 340 novos membros da Defensoria Pública permitiram que um maior número de pessoas em todo o Brasil tivesse acesso a orientação jurídica e representação legal, capilarizando os serviços jurídicos, o que pode ter contribuído para o aumento das ações judiciais”, diz

Outro desembargador, Ary Raghiant Neto, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJ-MS), explica o recorde de ações com fatores econômicos, a degradação das relações matrimoniais durante a crise sanitária e o maior conhecimento da população sobre seus direitos. 

"O incremento da ordem de 10% no número de ações ajuizadas em 2022, em comparação a 2021, conforme relatório do CNJ, justifica-se a partir de algumas constatações, como o  aumento do grau de endividamento da população, que em 2022 atingiu a marca de 80% das famílias." 

Raghiant Neto também cita o volume de ações ajuizadas por consumidores, por causa de falhas na prestação de serviços, para explicar o resultado do levantamento do CNJ. 

"Parece-me óbvio que esse incremento de 10% no aumento das ações em 2022 sinaliza uma maior confiança da população no Poder Judiciário de uma maneira geral, até porque o Judiciário julgou mais neste último ano (10,9%), demonstrando compromisso com a sociedade brasileira ao solucionar os litígios buscando a pacificação social."

Por fim, o desembargador lembra que existem outros meios para resolução de conflitos, além do Poder Judiciário, mas ele ressalta que o cidadão brasileiro, especialmente o hipossuficiente, confia mais na resposta da Justiça. "Tanto que quase 50% das demandas ingressadas em 2022 contam com a gratuidade prevista em lei."

https://www.conjur.com.br/2023-ago-29/demandismo-maior-acesso-judiciario-explicam-recorde-acoes

Manutenção - 11/11/2023

 Manutenção - 11/11/2023

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Mais 7 tribunais passam a utilizar o Domicílio Judicial Eletrônico

A primeira etapa de implementação do Domicílio Judicial Eletrônico priorizou o cadastro de bancos e instituições financeiras. As empresas já cadastradas na plataforma poderão acessar e dar ciência às comunicações processuais expedidas pela plataforma a partir da data indicada no cronograma

https://www.conjur.com.br/2023-ago-07/tribunais-passam-utilizar-domicilio-judicial-eletronico

Se houve vazamento de dados bancários, 'golpe do boleto' é culpa do banco, diz STJ

Os fraudadores sabiam que a mulher era cliente da empresa, que havia encaminhado e-mail com o objetivo de quitar a dívida e tinham dados relativos ao financiamento contratado. São informações sigilosas, que deveriam ser protegidas pela instituição financeira.

https://www.conjur.com.br/2023-out-18/vazamento-dados-bancarios-falha-prestacao-servico

A nova moeda digital Drex

O Drex é a representação virtual da moeda física (papel) que circula no país e terá o mesmo valor monetário, ou seja, um real valerá um Drex. Na prática, intermediários financeiros autorizados converterão saldos de depósito à vista (Real) em moeda eletrônica através de uma carteira digital.

https://www.conjur.com.br/2023-set-13/thais-lentz-moeda-digital-drex

Aasp agrega recursos de inteligência artificial a sistema de intimações

Esse tipo de recurso dentro da advocacia é algo totalmente inovador. Agora, os advogados poderão baixar, copiar e avaliar as informações indicadas pela IA. Aliás, a avaliação é um ponto de suma importância, porque, por meio do clique nas opções 'like/dislike', o usuário ajudará a calibrar a eficiência da inteligência artificial limitada

https://www.conjur.com.br/2023-ago-30/aasp-agrega-inteligencia-artificial-sistema-intimacoes


Facebook deve indenizar por golpe que copia perfil no WhatsApp

Segundo os autos, no início deste ano um perfil fraudulento mandou mensagens para parentes e clientes do advogado pedindo empréstimos. Ele chegou a entrar em contato com o serviço de atendimento do WhatsApp duas vezes para solicitar a exclusão da conta falsa, mas recebeu apenas uma mensagem automática.

https://www.conjur.com.br/2023-jul-10/facebook-indenizar-golpe-copia-perfil-whatsapp

STJ determina cálculo do ITBI com base em valor obtido em leilão extrajudicial

A arrematação é uma forma de venda que permite a aquisição dos bens por preço inferior ao da avaliação. Ou seja, o valor atribuído ao bem não necessariamente é o valor alcançado na venda.

https://www.conjur.com.br/2023-jul-06/stj-ordena-calculo-itbi-base-valor-leilao-extrajudicial

CJF libera o pagamento de RPVs a mais de 194 mil beneficiários

O CJF esclarece que cabe aos TRFs, segundo cronogramas próprios, o depósito dos recursos financeiros liberados. Com relação ao dia em que as contas serão efetivamente liberadas para saque, essa informação deve ser buscada na consulta de RPVs disponível no portal do Tribunal Regional Federal responsável.

https://www.conjur.com.br/2023-jun-21/cjf-libera-pagamento-rpvs-194-mil-beneficiarios